É intrínseco ao ser humano sustentar desejos ilimitados ainda que tenha suprido todas as suas necessidades básicas. É natural nutrirmos um certo nível de insatisfação, almejando sempre além do que possuímos. Assim surge a escassez. Os recursos, que são limitados, tornam-se insuficientes para satisfazer o desejo de todos a custo zero.
A fim de solucionar esse problema, faz-se o uso do sistema de preços, em que a valoração adequa a demanda à oferta existente. Dessa maneira, apenas aqueles dispostos a pagar pelo bem em questão têm acesso a ele. O que não é nem de longe um sistema ideal, haja vista que os mais abastados acabam dispondo da maior parte dos serviços e produtos disponíveis, de qualidade muito superior. Isso promove um considerável aumento na desigualdade socioeconômica.
É impreterível ressaltar o decisivo papel midiático no cenário exposto. A publicidade atual, cada vez mais abrangente e atrativa, incentiva o consumo, potencializa os desejos e gera novas carências em seu público. Neste ponto é natural que uma espécie de monstro surja no imaginário popular e a publicidade seja vista pelo senso comum como uma espécie de mal a ser eliminado, favorecendo a eclosão de pautas mais alarmistas que permeiam desde o consumismo, à superpopulação, passando pelo aquecimento global.
Em contrapartida, é inegável o fato de que a publicidade cumpre o papel a que se propõe e acaba por intensificar exponencialmente a demanda no mercado. É exatamente neste ponto que o sistema é retroalimentado:
À medida que as necessidades são ampliadas, visando minimizar os efeitos da veloz obsolescência técnica, há inevitavelmente uma crescente busca pelo aprimoramento científico e tecnológico. O consequente avanço propicia uma maior eficiência nas soluções de produção que supra a demanda de uma população cada vez maior e mais consumista. E graças ao uso da mente humana como uma excelente ferramenta de trabalho, é possível levar à exaustão essa busca, ou seja, é possível produzir muito mais, com menos espaço, menos pessoas e menos recursos.